Talibã:

por que os afegãos estão fugindo?

Os EUA abriram mão da base em Bagram em processo de retirada das suas tropas do Afeganistão após 20 anos de guerra. Saída possibilitou a volta do grupo extremista Talibã, que governou de 1996 a 2001.

Rico em minérios e gás natural, o Afeganistão é parte de rotas comerciais importantes no continente asiático em relação à Europa. E desde o século XIX, é alvo de disputa por outras nações.

Em 2001, após os ataques terroristas do 11 de Setembro, os EUA e aliados invadiram o Afeganistão e forçaram a retirada dos talibãs, alegando que o grupo dava proteção à rede terrorista Al Qaeda.

Se organizando no exterior, principalmente no Paquistão, o grupo realizou em 2012 um dos ataques de maior repercussão: atirou na estudante Malala Yousafzai, que se opunha publicamente ao Talibã.

Em 2020, os EUA assinaram acordo de paz com o Talibã para a saída das forças estrangeiras do Afeganistão até maio deste ano em troca de trégua. A facção não poderia permitir ataques contra americanos.

O pacto não contou com a participação do governo afegão. Sendo assim, as negociações entre o presidente pró-ocidental Ashraf Ghani e a célula Talibã não foram para frente. 

As tropas americanas deveriam deixar o Afeganistão em maio, mas Joe Biden postergou para 11 de setembro deste ano. Depois, adiantou para 31 de agosto. O Talibã disse que o acordo tinha sido rompido.

A ausência das tropas entregou todo o Afeganistão de volta aos radicais em duas semanas exatas. 

Após dominar as maiores cidades do país, o Talibã chegou a Cabul sem resistência e tomou o palácio presidencial. O presidente Ashraf Ghani fugiu horas antes dizendo evitar um “banho de sangue”.

Na segunda (16/08), uma tentativa de fuga em massa foi vista no aeroporto de Cabul horas após o Talibã afirmar que a “guerra chegou ao fim” e divulgar que seus soldados não atacariam ninguém.

As implicações geopolíticas ainda são incertas, apesar da nova postura afirmando buscar “uma transição pacífica”, não se sabe qual tipo de governo será implantado.

O retorno do Talibã ameaça a perda de uma série de conquistas aos afegãos. Em algumas cidades, o grupo nega às mulheres o direito de cursar universidades. Ativistas e intelectuais estão sendo presos.

Outra preocupação é o terrorismo. O Talibã prometeu cortar laços com grupos radicais, mas é certo que o que sobrou da Al Qaeda e integrantes do Estado Islâmico estão presentes em território afegão.

Os talibãs prometeram livre saída para quem quiser deixar a capital. A questão é: para onde, já que o resto do país está tomado pelo grupo e não há mais voos comerciais em Cabul? 

No desespero para fugir, pessoas se penduraram do lado de fora do avião militar da Força Aérea dos Estados Unidos e caíram em cima de casas.

CRÉDITOS

fotos:
Official White House Photo by Tia Dufour
Reuters/Folhapress
AP Photo/Jim Collins/FILE
RAHMAT GU e Planet Labs Inc. (ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

vídeos:
reprodução/redes sociais

texto:
Amanda Monteiro - com agências de notícias

design:
Adriana Rios